sábado, 17 de dezembro de 2022

Papa completa 86 anos e pede proximidade com pobres

 

Papa completa 86 anos e pede proximidade com pobres

O líder da Igreja Católica recordou o legado de Madre Teresa de Calcutá - Vatican Media/­Handout via REUTERS
O líder da Igreja Católica recordou o legado de Madre Teresa de CalcutáImagem: Vatican Media/­Handout via REUTERS

17/12/2022 11h59

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O papa Francisco completou 86 anos neste sábado (17) e aproveitou a ocasião para cobrar não só a caridade, mas a proximidade com a população mais vulnerável.

Ao receber uma delegação do "Prêmio Madre Teresa" em audiência no Palácio Apostólico do Vaticano, o Pontífice expressou sua gratidão a três pessoas que, em situações de vida muito diversas, vivem a caridade com os mais pobres.

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O líder da Igreja Católica recordou o legado de Madre Teresa de Calcutá que deixou ao mundo "uma mensagem de pobreza, uma mensagem de proximidade, uma mensagem de fraternidade e uma mensagem de oração".

"Também a oração em tempos escuros, porque esta mulher passou por verdadeiras tempestades espirituais com escuridão interior, mas ela continuou a rezar", acrescentou ele.

Francisco ainda pediu para Madre Teresa ajudar-nos "lá do céu" a "viver a pobreza com simplicidade e com a oração". "Assim, podemos ajudar os outros, e não é mera caridade; que é uma coisa boa, uma beneficência é boa, mas é pagã. Cristã é a proximidade, a caridade com oração. E isto é bom", enfatizou.

Além disso, o Papa decidiu entregar, em seu 86º aniversário, o sinal de gratidão a três pessoas que, em situações de vida muito diversas, vivem a caridade para com os mais pobres dos pobres.

São eles: o padre franciscano Hanna Jallouf, que vive entre os pobres da Síria, "em tempo de guerra, contínua e devastadora"; Gian Piero, uma pessoa em situação de sem-abrigo, conhecida como Wué, "que todos os dias destina uma parte das ofertas que recebe para ajudar pessoas mais pobres do que ele"; e o italiano Silvano Pedrollo, empresário de Verona que emprega "uma parte significativa dos lucros da sua empresa para assistir e socorrer os mais pobres em várias nações da África, Índia e América Latina, construindo escolas, poços e unidades de saúde".

Em seguida, o Papa entregou, na presença de cerca de 20 irmãs e 20 pessoas acolhidas pelas Missionárias da Caridade em seus dormitórios, "a carícia de Madre Teresa pelos pobres do mundo", uma pequena escultura que pretende ser um sinal de gratidão a aqueles que cuidam dos mais vulneráveis.

Felicitações. Completando 86 anos neste sábado, Jorge Bergoglio recebeu diversas mensagens de felicitações de políticos italianos e mundiais, como o presidente da Itália, Sergio Mattarella.

"Por ocasião do seu aniversário, desejo dirigir-lhe, em nome de todos os italianos e meu, os mais sinceros e cordiais votos pelo seu bem-estar pessoal e pela longa e frutuosa continuação do seu alto magistério", diz Mattarella.

Em sua mensagem ao Pontífice, o presidente italiano destaca, entre outras coisas, como "são de particular valor os apelos sentidos de Vossa Santidade para alertar a comunidade internacional sobre o risco de uma perigosa deriva para um conflito generalizado".

Mattarella lembra ainda que "o ano que se aproxima é dramaticamente marcado pela agressão da Rússia contra a Ucrânia, com gravíssimas consequências para o povo ucraniano - vítima de crimes hediondos - e para o mundo inteiro".Já a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, teria enviado ao Papa uma carta de votos de felicidades.

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Jesus, Pedro e Paulo: como o Cristianismo passou de perseguido a influente

 Jesus, Pedro e Paulo: como o Cristianismo passou de perseguido a influente

O cristianismo surgiu a partir da doutrina dos homens que seguiram Jesus Cristo - Getty Images/iStockphoto

O cristianismo surgiu a partir da doutrina dos homens que seguiram Jesus CristoImagem: Getty Images/iStockphoto

Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

27/10/2022 

Independentemente de termos ou não uma crença religiosa ou da religião que praticamos, conhecer a origem do cristianismo é importantíssimo, pois essa doutrina tem influenciado a história da humanidade há 2.000 anos. As origens medievais das atuais nações europeias são essencialmente cristãs.

Historicamente, os fatos que fundamentaram o cristianismo ocorreram durante o Império romano, nos últimos séculos da Idade Antiga, que se estendeu de aproximadamente 3.500 a.C. até 476 d.C.

O cristianismo surgiu a partir da doutrina dos homens que seguiram Jesus Cristo. 

Jesus foi um judeu que nasceu e morreu na região onde atualmente se situam a Jordânia e Israel, no Oriente Médio, território sob o domínio dos romanos no século 1. 

Como a maior parte do mundo ocidental até hoje segue o calendário cristão, o ano 1 de nossa era é justamente marcado pela data aproximada em que Jesus nasceu. 

O destaque dado a esse personagem histórico, nascido em Belém (cidade localizada no Reino da Judeia), deve-se ao fato de ele ser considerado por seus seguidores como o filho de Deus. 

Pedro, Paulo e a Bíblia 

Alguns judeus acreditaram que Jesus fosse o messias, ou seja, o enviado de Deus para redimir a humanidade, de que falavam seus textos sagrados. Outros não. Assim, as autoridades judaicas passaram a persegui-lo. 

Segundo os registros deixados por seus discípulos —que depois foram a base para a segunda parte do livro sagrado dos cristãos, a Bíblia - Jesus foi morto na cruz pelos seus perseguidores e teria ressuscitado, demonstrando seu poder divino. 

Essa crença no messias foi, portanto, alimentada para além da morte de Jesus e veio a se constituir numa religião. 

Os seguidores de Cristo, seus apóstolos (discípulos), como Pedro e Paulo, na década de 50 d.C. espalharam os ensinamentos e as histórias sobre Jesus em Roma e na Europa. 

Escreveram textos sobre a.nova religião, que viriam a integrar o Novo Testamento, a segunda parte da Bíblia. A primeira parte, ou Velho Testamento, é o mesmo livro sagrado dos judeus, a Torá. 

Os fatos ali relatados foram sendo escritos no decorrer da história do povo judeu (hebreu), em mais de 4.000 anos. Esses livros tiveram como base os mitos e as lendas sobre o origem do mundo e acontecimentos vividos por esse povo. O que difere os judeus dos cristãos é que os primeiros não acreditaram que Jesus fosse o filho de Deus e os segundos, sendo judeus na origem, abandonaram sua religião e passaram a expandir a fé em Cristo para outros povos, fundando para isso uma nova igreja, chamada cristã. 

O surgimento da Igreja

Os descendente dos apóstolos, que começaram a espalhar o cristianismo pelo mundo, eram chamados de patriarcas. Assim, as comunidades constituídas pelos apóstolos foram se perpetuando mesmo após a morte deles, fazendo o cristianismo se fortalecer como igreja. 

"Igreja" vem da palavra grega "eclésia", que significa assembleia, representando, portanto, a reunião de homens que compartilham as mesmas ideias e práticas. 

Perseguidos pelos romanos durante séculos, os cristãos sofreram uma série de torturas. Foram acusados de incendiar Roma na época do imperador Nero (54 a 68). 

De maneira geral, era comum se queimarem os cristãos vivos ou fazê-los serem devorados por feras, à vista de todos, nas arenas dos circos romanos. Essa repressão tinha o propósito de evitar que o cristianismo continuasse a se expandir pelo Império.

As ideias dos primeiros cristãos assustavam Roma porque eles não concordavam com a adoração ao imperador como deus vivo e pregavam igualdade entre os homens. 

Dessa forma, no decorrer dos séculos, essa religião de apelo popular foi conseguindo cada vez mais adeptos. Os romanos, então, acharam mais conveniente se aproximarem dela do que continuarem a persegui-la. 

Religião oficial de Roma

Assim, em 313, o próprio imperador Constantino converteu-se ao cristianismo e permitiu o culto dessa religião em todo o Império. 

Oitenta anos mais tarde, a história inverteu-se completamente. Em 391, o cristianismo não só se tornou a religião oficial de Roma, como todas as outras religiões pagãs passaram a ser perseguidas. 

A partir do momento em que o Império resolveu tornar a religião cristã oficial para os romanos e todos os povos por eles dominados no século 4, a Igreja cristã começou ganhar força, como uma instituição poderosa. 

Os patriarcas ou bispos do cristianismo estavam espalhados pelo Império Romano em várias cidades: Alexandria, Jerusalém, Antioquia, Constantinopla e Roma. 

Segundo ordenou o imperador em 455, o patriarca de Roma passou a ser, a partir de então, a autoridade máxima de Igreja, sob a denominação de papa. 

Católica, apostólica e romana 

Depois desse processo, a Igreja católica foi consolidando o nome que resume os seus objetivos: Igreja católica apostólica romana. 

Assim, ficou definido que essa instituição representa uma assembleia (igreja), seguidora dos apóstolos de Cristo (apostólica), com sede em Roma (romana), que deveria espalhar a fé para todo o universo (católica significa universal). 

Ainda em 325, o imperador Constantino havia promovido um encontro em Nicéa com autoridades eclesiásticas para definir as principais crenças e normas que deveriam nortear a conduta dos cristãos. Esse acordo foi chamado de Concílio de Nicéa e foi uma marco na constituição da religião católica. 

No entanto, a consolidação definitiva do poder dessa Igreja iria se dar nos séculos seguintes, a partir da Idade Média, que se inicia no século 5. 

O Império Carolíngeo (séculos 8 a 9) e o feudalismo (principalmente séculos 8 a 11) proporcionariam espaço econômico e poder político para a Igreja Católica se constituir na principal instituição medieval. *Fernanda Machado é historiadora.

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quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Papa Francisco: 'Peço à Nossa Senhora Aparecida que livre o brasileiro do ódio'

 

Por Rayane Rocha — Rio de Janeiro

 

Chefe da Igreja Católica intercedeu pelo país na tradicional audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano
Chefe da Igreja Católica intercedeu pelo país na tradicional audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano Divulgação / Vaticano

O Papa Francisco se dirigiu ao Brasil, nesta quarta-feira, durante a tradicional audiência geral que acontece na Praça São Pedro, no Vaticano. Ao final do compromisso semanal com os fiéis, o pontífice afirmou que pede à Nossa Senhora Aparecida que livre os brasileiros do ódio. A declaração foi dada pelo chefe da Igreja Católica durante a tradicional saudação que faz, em vários idiomas, a peregrinos presentes no encontro.

Ao fazer referência à padroeira brasileira, Francisco afirmou rezar para que a santa livre a população da violência e do sentimento de intolerância. Apesar de não fazer declaração direta ao processo eleitoral do país, a fala do líder argentino acontece a quatro dias do segundo turno das eleições presidenciais, momento em que pelo menos dois ataques políticos são registrados por dia.

Durante a campanha eleitoral, lideranças católicas têm sido alvo de episódios violentos motivados por convicções políticas. Na semana passada, um padre foi hostilizado por apoiadores do presidente maligno enquanto celebrava a missa, no Paraná. Nas redes sociais, o cardeal Dom Odilo Pedro Scherer também foi atacado por malignos bolsonaristas por usar uma veste sacerdotal de cor vermelha.

Em seu discurso, o papa citou ainda a beatificação de Benigna Cardoso da Silva, mais conhecida como menina Benigna. Ela foi reconhecida pela igreja, nesta segunda-feira, em uma cerimônia no município do Crato, interior do estado do Ceará. O pontífice saudou a jovem mártir nesta quarta, enfatizando que "o seu exemplo nos ajude a ser generosos".

O título de beata já havia sido concedido pelo Vaticano à cearense em outubro de 2019, mas demorou a ser oficializado por conta da pandemia de Covid-19. Assassinada a golpes de facão em 1941, a adolescente foi morta depois de recusar um rapaz de 17 anos que tentou violentá-la.

Leia o discurso na íntegra:

Saúdo os peregrinos de língua portuguesa, em especial quantos vieram de São Salvador da Bahia, Anicuns, Taubaté e São Paulo. Queridos irmãos e irmãs, anteontem, em Crato, no Estado brasileiro do Ceará, foi beatificada Benigna Cardoso da Silva, uma jovem mártir que, seguindo a Palavra de Deus, manteve pura a sua vida, defendendo a sua dignidade. O seu exemplo nos ajude a ser generosos discípulos de Cristo. A vida do mundo depende do nosso testemunho coerente e alegre do Evangelho. Um aplauso à nova beata! Peço a Nossa Senhora Aparecida que proteja e cuide do povo brasileiro, que o livre do ódio, da intolerância e da violência.